O cliente faz um pedido no iFood, paga e não recebe comida alguma. É o que acontece com quem compra de dois restaurantes que estão plataforma, o Carne na Brasa e o Panela de Fogão, em São Paulo, segundo queixas no site Reclame Aqui.
O primeiro tem cerca de dez reclamações, todas feitas nos últimos nove dias, e o segundo tem quatro reclamações cadastradas na plataforma — todas deste final de semana. Os cardápios dos dois restaurantes são idênticos e com preços baixos. No Carne na Brasa, por exemplo, um prato de filé mignon grelhado com arroz e batata frita custa R$ 29. No Panela de Fogão, o mesmo prato custa ainda menos, R$ 19. Os dois restaurantes não têm nenhuma avaliação de clientes.
Os CNPJs das duas empresas estão ativos e foram abertos em maio deste ano. No endereço cadastrado pelo Carne na Brasa na plataforma, há um prédio em construção. O endereço do Panela de Fogão fica em uma praça na região da rua 25 de março, área de comércio popular da capital paulista.
A reportagem ligou para os dois números de telefone exibidos no cadastro e nenhum completou a ligação, apesar de ambos constarem como abertos no iFood de segunda a domingo, 24 horas por dia.
O UOL apurou que o restaurante Panela de Fogão colocou como contato no iFood um número de celular de uma pessoa que não tem qualquer relação com a empresa.
A dona do número disse que não aguenta mais receber ligações e mensagens de pessoas reclamando que não receberam seus pedidos. Segundo ela, as ligações acontecem de cinco em cinco minutos.
Um print enviado à reportagem mostra que, em cerca de meia hora, no sábado (21), o celular dela recebeu 12 ligações.
O que o iFood diz
Procurado pelo UOL, o iFood disse que os casos dos dois restaurantes estão sendo analisados internamente, mas não explicou se os clientes prejudicados são ressarcidos pela empresa. Em respostas do Reclame Aqui, a companhia promete ressarcimento.
“O iFood repudia desvios de conduta de qualquer usuário cadastrado no aplicativo, sejam consumidores, estabelecimentos parceiros ou entregadores independentes”, afirmou em nota.
Questionado sobre os procedimentos para cadastro na plataforma, o iFood diz que o estabelecimento precisa enviar dados como CNPJ ativo, CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), endereço e dados bancários da pessoa jurídica. As informações, segundo o iFood, são verificadas antes do ingresso do parceiro no aplicativo.
“A empresa possui um time interno especializado e dedicado para acompanhamento de atividades suspeitas em todo o país, e a tecnologia é utilizada para averiguação de dados, com a utilização de diferentes processos que permitem evitar e/ou direcionar quando há qualquer suspeita. Se a fraude for confirmada, o restaurante é descadastrado da plataforma e o caso também pode ser encaminhado para investigação das autoridades policiais”, afirma em nota.
Até a publicação desta reportagem, os dois restaurantes citados continuavam cadastrados na plataforma.
Desde a última ação do “Dia do Não ao iFood – Não Compre e Não Venda”, organizada pelo SinHoRes Osasco – Alphaville e Região, a entidade está em campanha permanente para solucionar diversos problemas que estão sendo verificados com a plataforma. Segundo o presidente Edson Pinto, um deles é justamente o fato de que os critérios adotados pela empresa para associar novos estabelecimentos são absolutamente insuficientes. “Com as facilidades existentes atualmente, pedir apenas o CNPJ ativo, CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), endereço e dados bancários da pessoa jurídica, não comprova nem a existência do restaurante e muito menos a ‘qualidade’ dos produtos que ele comercializa. O cliente não pode ter certeza que o lanche ou a pizza são produzidos com higiene e produtos com procedência garantida”, afirmou Edson.
Fonte: UOL