Um Vale do Ribeira com a biodiversidade tão reconhecida quanto a da Costa Rica. Um Litoral Norte cujas praias sejam tão lembradas quanto as do Havaí. Uma Vinhedo com parques temáticos populares como os de Orlando. Uma Baixada Santista com o status de uma Miami. E uma São Paulo com a multiculturalidade de uma Nova York.
As comparações listadas são do secretário estadual de Turismo, Vinicius Lummertz, que vê a valorização do turismo local inspirada em exemplos internacionais como uma das principais apostas para o pós-pandemia. O impulso para parte disso está em um plano em elaboração com subsídio de US$ 250 mil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujo acordo foi firmado na quinta-feira, 23, e que visa obter uma linha de crédito de US$ 500 milhões.
Em paralelo, a gestão João Doria aposta na criação de distritos turísticos temáticos para facilitar a instalação de novos empreendimentos privados e a criação de rotas “cênicas”, com mirantes, caminhos suspensos, paradouros e outros atrativos nos caminhos entre municípios mapeados. “Ninguém tem esse arranjo (de opções tão distintas e próximas). Faltam as conexões (entre os destinos)“, diz Lummertz.
A aposta da secretaria é uma retomada do setor nos últimos meses desse ano e, principalmente, a partir de 2021, com maior procura por “turismo de proximidade”, com viagens curtas, de deslocamento terrestre e para locais próximos e de menor aglomeração. A ideia é convencer os paulistas a viajarem pelo Estado em vez de procurar opções em outras regiões do País e no exterior.
No caso dos distritos turísticos, por exemplo, o primeiro deles está em um projeto de lei que deverá ser enviado em breve para a Assembleia Legislativa. Chamado de Serra Azul, compreende os municípios de Vinhedo, Itupeva, Jundiaí e Louveira, que reúnem parques de diversões, vinhedos, centros de compras e antigas ferrovias, por exemplo.
Segundo o secretário, o objetivo é facilitar a instalação de empreendimentos “do mundo inteiro”, por meio da padronização de Plano Diretor, estratégia de comunicação, regularização fundiária e soluções de problemas de acessibilidade, dentre outras medidas para criar “identidade turística”. “É priorizar uma lógica do turismo, como fazem Gramado, Canela e Nova Petrópolis (municípios vizinhos da Serra Gaúcha).”
Já as rotas cênicas começarão pelo Vale do Ribeira, cujo masterplan contempla a criação de cinco rotas (Lagamar, das Cavernas, Mata Atlântica, Rastro da Serpente e Estrada Parque) para valorizar as paisagens dos caminhos entre 15 municípios. A implantação prevê 44 intervenções, como mirantes, caminhos suspensos, pórticos, paradouros e até um Museu das Cavernas. O custo estimado é de R$ 125,1 milhões, com realização que poderá ser pública ou por diferentes esferas do poder público.
O Ribeira foi escolhido por reunir diferentes possibilidades de atração, como o ecoturismo, o turismo cultural e o de sol e praia em locais como aIlha do Cardoso, Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, além de ter paisagens preservadas de reservas de Mata Atlântica, consideradas Patrimônio Mundial Natural, pela Unesco.
Segundo o secretário, esses trajetos têm paisagens com potencial de se tornarem atrativos turísticos ao longo do trajeto, especialmente com mirantes, paradouros e outros espaços ideais para contemplar a vista e tirar fotografias. Também estão previstas rotas para o Litoral Norte, oCircuito das Águas e a Serra da Mantiqueira.
Em paralelo, a pasta também começou o mapeamento de rotas gastronômicas, que começará pelo Vale do Ribeira. Um dos braços dessa ideia, segundo Rodrigo Ramos, coordenador da secretaria, é prestar assessoria técnica para produtores de alimentos e proprietários de bares, restaurantes e outros espaços de culinária identificados como parte de uma identidade local.
Secretaria quer atrair capital estrangeiro e defende concessão de parques naturais
Ao Estadão, o secretário de Turismo também criticou o que vê como uma burocratização e judicialização do investimento no País, que especialmente espantaria os grandes empreendimentos de capital estrangeiro. Ele também é defensor de mudanças para a permissão de hotéis em parques naturais, como ocorreu no Parque Nacional do Iguaçu décadas atrás, por exemplo, e a retomada dos cassinos no País.
Um dos projetos que lidera no Estado é o doSão Paulo Politurismo, um grande espaço a ser implantado pela iniciativa privada que incluirá atividades de qualificação e empreendedorismo no setor turístico, instalado na zona sul da cidade de São Paulo, nas imediações do Zoológico e do Jardim Zoológico. A proposta integra o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo, elaborado em conjunto com a Fundação Instituto de Administração (FIA) desde dezembro e que prevê ações para os próximos 10 anos.
“A intenção é criar um ambiente bem favorável para que venha empreendimentos de nível internacional”, explica Adriano Ludovice, um dos consultores da FIA no plano estadual.
Uma das propostas em desenvolvimento é a de conceder a gestão de parques naturais ao setor privado. Desde o início da gestão Doria, o Parque Estadual de Campos do Jordão teve contrato assinado com uma concessionária no ano passado e as áreas de uso público do Caminhos do Mar, no Parque Estadual da Serra do Mar, são alvo de licitação.
Fonte: Terra