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Vitor Magnani: Por que apps de comida, redes sociais e bancos digitais serão concorrentes?

O Google acaba de lançar uma nova função para consumidores pedirem comida. Por meio do Maps, qualquer um poderá pedir uma refeição pelo celular. Junto com a gigante de tecnologia, vimos a B2W comprar o Supermercado Now, a Magazine Luiza adquirir o Aiqfome e a 99 lançar sua solução de delivery. De outro lado, temos o iFood oferecendo produtos de farmácia, a Rappi lançando jogos eletrônicos, o Banco Inter oferecendo itens do varejo, o Whatsapp lançando meio de pagamento e o Mercado Livre avançando com suas soluções de logística.

O que está por trás desses movimentos? Por que o banco quer oferecer geladeira, a empresa de eletrodomésticos quer entrar na alimentação e o comércio eletrônico quer se tornar instituição financeira? A resposta passa pelo entendimento do funcionamento das plataformas digitais e do conceito de Superapp.

Segundo o dicionário, um dos significados possíveis para a palavra “plataforma” é uma superfície plana, horizontal, sobre a qual se assentam qualquer objeto. Se uma empresa reúne demandantes e ofertantes por meio eletrônico, temos uma plataforma digital. São tecnologias que conseguem colocar em um mesmo local muitos vendedores e consumidores. E, por meio desses dados, essas empresas de tecnologia conseguem otimizar transações, customizar serviços e criar novas verticais de negócio.

Se eu sei que determinado restaurante vendeu muita pizza de mussarela, é quase natural oferecer opções de compra de mussarela para o restaurante. A mesma lógica acontece com os produtos financeiros. Um determinado comerciante pode precisar de crédito para abrir sua próxima loja virtual e encontrar esta opção no aplicativo em que ele está cadastrado.

Por meio dos dados coletados pelas plataformas digitais, podemos ter os mais diversos serviços e cada um deles personalizado para atender a sua demanda específica. Dessa mesma forma, o banco digital pode aproveitar a presença do cliente em seu ambiente para oferecer produtos como cafeteiras e TVs. Afinal de contas, o dinheiro tá ali na conta, o cliente já confia na instituição, então vamos às compras.

O que conta nessa briga é a frequência de uso do aplicativo pelo consumidor, o tamanho desse público, a possibilidade de resolver seus problemas em um único local e o espaço na tela do celular – ninguém quer acessar 15 aplicativos por dia. Segundo uma pesquisa da consultoria App Annie, em 2019, foram feitos 143 bilhões de downloads no mundo, o que representou US$ 120 bilhões em gastos nas lojas de aplicativos, como Apple Store e Play Store. E os brasileiros são o segundo povo que mais desinstala aplicativos no mundo, perdendo apenas para o Vietnã.

Quando em um único aplicativo há diversos serviços à disposição do consumidor, temos o que se convencionou chamar de superapp. Por isso, os dados gerados nessas plataformas são essenciais. Quando mais consumidores e transações, mais eficiente será a criação de novas e inimagináveis verticais de negócios.

Mas antes do banco brigar diretamente com o delivery de comida, vamos ver muitas parcerias entre diversas empresas que vão se apoiar mutuamente na consolidação dessas verticais de negócios. É o caso, por exemplo, da Rappi, que oferece serviços de pintores, jardineiros e encanadores em conjunto com a Getninjas, e do Whatsapp, que oferecerá meio de pagamento com Cielo, Visa e Mastercard.

O grande ponto de atenção nesses movimentos é entender como as autoridades de defesa da concorrência vão entender o assunto ao redor do mundo. Assim como a comodidade e praticidade são essenciais no nosso dia a dia, quanto mais empresas concorrerem no mesmo segmento melhor tende a ser o serviço e preço deles.

Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.

FONTE – FORBES Brasil

 

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